09/04/2020

Caixas de fósforos (8)

No fim do primeiro trimestre do meu 11.º ano, fomos todos para Paris — o meu pai tinha sido lá colocado. A primeira nota que tive em francês foi um zero. Assim, redondinho. Não por não saber escrever ou falar, mas por motivos metodológicos, digamos (ou então era mesmo burro, não sei). Não foi uma nota fácil de engolir.
Gostei logo muito daquela prof, a Mme. Acker — e isto é dito sem qualquer ironia. Passados uns meses, num outro trabalho, tive 20.
Acontece que não sei se tive 20 porque gostei mesmo de fazer o trabalho, ou se passei a gostar muito do Georges Perec porque, de repente, tive um 20. Diria que a primeira hipótese.

O livro sobre o qual trabalhei foi o W ou le souvenir d'enfance. (no link encontram um resumo).

Se, muito possivelmente, o que mais fascina o Daniel é o tema da memória (e ausência de), a mim o Perec (como o Zorn ou o Gaiman) interessou-me primeiro pela ausência de preconceitos em relação ao que pode ser literatura, por não estar preocupado com a etiquetagem aplicável ou não ao que escreve.

É dele um dos meus livros preferidos (que não está neste monte porque ofereci o meu e ainda não o voltei a comprar).






Links:
Associação Georges Perec
Um texto sobre ele na New Yorker
Com alguma sorte, encontram livros dele aqui.
Com muita sorte (e persistência), talvez um dia encontrem livros dele aqui (ando a fazer por isso). Neste momento, no mercado editorial português só se encontra um e a capa é tão horrível que nem dá vontade de pegar naquilo. A Vida: Modo de Usar, com tradução do Tamen, está esgotado.  
Do Un homme qui dort foi feito um filme (no qual o Perec esteve envolvido)

Nota: o Perec foi um dos membros do OuLiPo (Ouvroir de Litérature Potentielle), que inspirou o OuBaPo (a versão BD da coisa), com o qual o livro do Chris Ware tem os seus pontos de contacto.

6 comentários:

Take Direto disse...

Que delicias de caixas de fósforos

Pedro Serpa disse...

Oh, obrigado :)

Patrícia Ricardo disse...

:)

Pedro Serpa disse...

:)*

Nuno Cruz disse...

Tenho o A vida: modo de usar. Se precisares avisa.

Pedro Serpa disse...

Também o tenho (embora o tenha emprestado e já não me lembro a quem), mas obrigado :)