Para grande preocupação da minha mãe, acontece-me por vezes sair de casa deixando a porta das traseiras aberta — os gatos agradecem, podem ir passear a seu bel prazer. E nunca vou por aí além de preocupado: estimo não ter nada de particularmente interessante para ser gamado. Roubável, aqui em casa, umas duas ou três traquitanas: máquinas fotográficas um bocado escaqueiradas, este computador-ganha-pão e os gira-discos. De resto, não vejo bem o quê: há roupa, ferragens, alguma comida, livros, discos e (muita) tralha. Nem os mealheiros dos putos terão mais do que 20 euros. Discos já ninguém compra e os livros são demasiado pesados para valer a pena sair por uma janela com duas sacas cheias.
Tenho, no entanto, ouro escondido nas prateleiras — sob a forma de tinta e papel, de ramos e pedras. Vou começar a fotografar e colocar aqui alguns dos meus objectos, artefactos, preferidos. E chamar-se-á, ali do lado direito, nas etiquetas, "My Favorite Things" por causa do Coltrane, claro.
Sem comentários:
Enviar um comentário