02/05/2020

Caixas de fósforos (18)

Em 2007, no dia em que a Time Out chegou às bancas (andei a pesquisar, mas não encontro a data — mas deve ter sido lá para Setembro ou Outubro), aconteceram duas coisas importantes: o Álvaro começou a frequentar a creche e eu um trabalho novo, como livreiro no Círculo das Letras, uma livraria que abriria dali a umas semanas para os lados da Avenida de Roma. 

Tinha como colega a Filipa, nessa aventura de preencher do zero uma livraria. Falávmos muito, portanto (e trabalhávamos, também, vá). Lembro-me de um dia ela me ter dito que tinha uma amiga que também acabara de abrir uma livraria, a Trama, e que tinha absolutamente de a conhecer porque ela era a pessoa mais incrível do mundo. O que se confirma. A Trama de facto tinha aberto há pouco tempo. 

E a Catarina é das pessoas mais incríveis do mundo. 

Lembro-me, como se fosse ontem, da primeira vez que entrei na Trama, subi as escadas e fiquei a namorar os livros. Devo ter ido com o Álvaro, ao regressarmos da escola (saíamos no Rato e a Trama era já ali). Quase de certeza que comprei um livro e disse qualquer coisa estúpida como «temos uma amiga em comum, a Filipa, trabalho com ela na Círculo das Letras, sou o Pedro». E como no Casablanca, olhem, foi o início de uma bela amizade. Podemos estar meses seguidos sem nos falar sem que isso nos afecte minimamente. É das poucas pessoas que me conhece do avesso (coitada) e, além disso (entra caixa de fósforos), deu-me este livro aqui abaixo no ano passado. Não é só o livro ser lindo lindo (e o personagem uma besta quadrada), como sobretudo o facto de ela mo ter oferecido, e o significado do gesto em si. 














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