Tenho, cada vez mais, uma relação ambivalente com a feira do livro.
Por um lado, tem aquela coisa boa dos reencontros: pessoas que não vês há imenso tempo, amigos de longa data, colegas de profissão e, até, nestes tempos modernos das redes sociais, uma ou outra pessoa que só conheces daquele ecrã mínimo que cabe no bolso e que se vira para ti e te diz «tu és o Pedro Serpa, não és? Seguimo-nos mutuamente lá nas virtualidades.»
Tem outros aspectos positivos: para quem trabalha o ano inteiro diante de um computador, é uma boa mudança estar ao ar livre e a falar com pessoas. Ser livreiro, ter conversas que giram em torno do objecto do teu trabalho, sugerir títulos, aparvalhar com os colegas.
Por outro lado, são muitos dias de acordar-trabalhar(na-editora)-trabalhar(na-feira)-chegar a casa tarde-dormir. Fico destrambelhado, a casa fica destrambelhada, as rotinas e os rituais diários vão todos com o caraças. Perco um bocado o rumo e acabo por me desleixar com as pessoas de quem mais gosto (e nada justifica ou compensa isso)