13/09/2018

Ao fim de
(quase) 40 anos
(entretanto voltei a fumar)

— razões para o frenesi que para aqui vai neste blog —

Tirei finalmente a carta. Uma carta. Ainda não é de carro — nunca gostei de andar de carro ou de carros: em puto gregoriava-me todo sempre que o meu pai estreava um carro novo (e foram muitas vezes). Há algo de psicoiso, nisto, claro: nada era mais importante, para o meu pai, que a merda dos carros. Por outro lado, tinha um avô — o avô fixe — que nunca teve carta ou carro e, no entanto, ia a todo o lado.
Dizia: tenho carta de mota. Depois de algum tempo a conduzir uma sem carta nem seguro (sim, sim, eu sei), estou finalmente legal e, digo-vos, cheio de vontade de me fazer à estrada. No capacete, uma daquelas mariquices que permitem falar com o pendura e, obalalá, ouvir música. Explicação n.º 1, assim, para andar para aqui a preparar bandas sonoras para horas de asfalto.

N.º 2: gostaria mesmo mesmo muito de ter um programa de rádio. Fiz rádio — se é que rádio se podia chamar àquele sistema de som que emitia para a cantina — na faculdade e.
E, não sei.
Gosto desta coisa de alinhavar músicas e de as mostrar. À falta de ondas hertzianas, ficam os 1s e 0s neste canto perdido da internet (mas, nota de rodapé: se alguma vez precisarem de alguém para um programa de rádio, avisem-me)

Explicação n.º 3: talvez uma vida social um bocado limitada?

(4) Ao fim de, continuo a ter músculos no corpo que se comportam adolescente-deslumbrado-entusiasticamente. E uma aptidão para água gelada. Em baldes. Daqueles grandes. Por culpa minha. Estar entretido com estas e outras coisas — ocupar as mãos com pincéis ou fotografias — é a toalha com que me seco, enquanto me resmungo um nuncamais.

(pelo caminho, se não conhecerem, oiçam o melhor programa da rádio nacional: Fuga da Arte, do Ricardo Saló)


  

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